O famoso squirt, assim como vários assuntos da sexualidade feminina, é uma polêmica…
Eu amo sexualidade e amo falar sobre este assunto e, principalmente, sobre sexualidade feminina.
Mas este assunto, em especial, chama atenção pela demanda, pela falta de informação e pelas expectativas criadas.
A palavra “squirting” vem do inglês “squirt”, que significa esguicho.
O “squirting” (ato de esguichar, que nesse contexto seria ejacular) acontece quando a pessoa tem a sua ejaculação e esguicha líquido ou fluidos da sua vagina, num momento de prazer.
Não tem cor nem cheiro e não deve ser confundido com a lubrificação natural da vagina.
Mas, antes de qualquer coisa, a gente precisa entender alguns conceitos que ainda confundem muita gente.
Entenda por orgasmo a sensação máxima de prazer que alguém pode sentir durante a relação sexual ou na masturbação.
E ejaculação como uma resposta fisiológica do corpo que pode acontecer no mesmo momento ou não.
Também é importante saber que não é em toda relação sexual que se tem orgasmo. E tudo bem!
Essa cobrança exagerada pelo orgasmo faz com que muitas mulheres se culpem e se cobrem por não conseguirem.
Agora imagine que essa cobrança dobra em busca do tal squirt.
Gosto de explicar que nós, mulheres, não temos função ejaculatória como os homens no sentido de procriação.
A gente não engravida ninguém, rs.
Além disso, a referência que temos de “gozar” vem do senso comum que se baseia somente na sexualidade masculina, levando todos a pensarem que toda vez que gozar temos que expelir algum líquido.
Vale reforçar aqui também que tudo relacionado à sexualidade feminina é muito recente e não conclusivo.
Nosso clitóris foi estudado por completo somente em 1998, ou seja, é tudo muito novo e pode mudar.
E isso contribui para muitas dúvidas sobre nosso prazer.
A indústria pornográfica também tem sua contribuição nisso.
Cenas de mulheres esguichando litros e litros mexe com o imaginário masculino, que espera que suas parceiras também performem de tal maneira.
E as mulheres tentam a todo custo alcançar esse patamar, sendo que muitas vezes nem tiveram a experiência do orgasmo.
Diariamente, atendo mulheres ou recebo mensagens delas querendo a todo custo o tal squirt.
Querem o vibrador mais potente para conseguir esse “fenômeno”, mas nunca sequer experimentaram o ápice do prazer.
Sempre gosto de questionar: você quer o squirt para você sentir mais prazer ou para impressionar e agradar outra pessoa?
De toda forma, o prazer não depende de squirt. Esse é o mantra que devemos ter.
Caso em uma relação sexual ou masturbação, a excitação esteja alta o suficiente para acontecer, maravilha! Se não acontecer, tudo bem.
Se acontecer, não se ache estranha, nem que tem algum problema.
Meu objetivo hoje é trazer um pouco de conhecimento e te ajudar a entender um pouquinho mais sobre o assunto.
Alguns estudos apontam que no líquido do squirt contém urina diluída, mas isso não significa que seja xixi que a mulher esteja liberando.
O fato é que, por ser um líquido que passa pela uretra, pode conter resquícios de urina.
Também precisamos entender que as glândulas responsáveis pelo squirt, as glândulas de Skeene, são muito pequenas para jorrar litros e litros, como vemos nos filmes.
O squirt não acontece com todas as mulheres e nem é daquela forma que vemos nos filmes.
Eu não me canso de falar que acho que o sexo do filme pornô não retrata o sexo da realidade.
Na verdade, há uma grande polêmica em relação a o que é squirt, pois existem linhas de estudo que dizem que aquele líquido que sai da vagina no momento da grande excitação é composto também por líquido prostático similar ao líquido da próstata masculina.
Então é como se as mulheres também ejaculassem… e é aí que está o problema, porque tem gente que acha que o fato de sair algum líquido significa que a mulher chegou ao orgasmo.
E não necessariamente!
Não há consenso entre a comunidade científica sobre a composição do fluido ejaculatório feminino.
Apesar de ainda não estar claro, o fluido ejaculatório feminino demonstrou conter urina e poderá também conter uma combinação de outros fluidos.
Nós, mulheres, podemos gozar no “seco”, tanto que existe o que chamamos de orgasmo seco.
O pessoal que trabalha com massagem tântrica fala muito sobre isso. Sobre a capacidade orgástica que todo nosso corpo tem, sem necessariamente ser cinematográfico.
O fato de esguichar não significa necessariamente que uma mulher teve orgasmo.
Algumas mulheres involuntariamente na hora do orgasmo, por conta da contração da vagina e da musculatura, acabam expelindo o tal líquido.
Existem mulheres que se excitam bastante a ponto de sair o excesso de lubrificação, porém, este sai pela vagina mesmo e elas confundem com a ejaculação feminina.
O líquido que sai da uretra não tem cheiro nem cor e também não é viscoso.
Já o líquido proveniente de excitação, tem uma textura mais viscosa e não tão líquida.
De fato, o squirt é bem parecido com o orgasmo: às vezes acontece e às vezes não.
Ainda não temos uma resposta definitiva sobre o porquê de algumas pessoas com vulva ejaculam e outras não.
Pode ser porque algumas pessoas não estão excitadas sexualmente o suficiente, não estão recebendo o tipo de estímulo sexual necessário para ejacular, por não se sentirem confortáveis fazendo isso, ou ainda, porque elas propositadamente se seguram, porque parece que vão urinar.
Pode ser também que mais pessoas do que as que sabemos ejaculem, apenas em quantidades menores e que acabam passando despercebidas.
De toda forma, é importante finalizar e reforçar que nem toda relação sexual precisa ter orgasmo e nem todo orgasmo precisa “jorrar líquido”.
Todos nós queremos muito uma relação com orgasmos, mas eles não são obrigatórios e a própria preliminar e penetração podem ser altamente prazerosos, desde que a mulher se conheça o bastante e que o casal tenha intimidade para descobrirem outras possibilidades de prazer.
Mais importante do que querer a todo custo o squirt, é curtir a viagem.
É conhecer seu corpo, seu prazer, se permitir o orgasmo e entender que o filme pornográfico é encenação e orgasmo é realidade.
Não se cobre, não se culpe, se permita sentir. Se joga e goza!