Vamos falar sobre dor durante o sexo? Muitas de nós, mulheres, crescemos com uma crença errônea sobre o fato de que suportamos mais dor que os homens.
Sempre dizem que toleramos várias dores e que é assim mesmo. Já na primeira menstruação ouvimos que é normal sentir cólicas e que elas são mesmo mais fortes no início e que basta tomar um remedinho.
Quando falamos de primeira relação sexual que envolva penetração, também ouvimos que é normal doer bastante na primeira vez e que aos poucos vamos nos acostumamos.
Não nos é ensinado nada sobre estimulação adequada, relaxamento, etc.
Ao reclamar de dor ou desconforto já depois de ter tido as primeiras experiências sexuais, somos orientadas a “tomar um vinhozinho” para relaxar ou pensar mais em sexo.
Mulheres são ensinadas que desde a primeira menstruação iremos sentir dor e que damos conta disso.
Essa crença de que somos tolerantes a dor na verdade contribui para vários problemas de saúde e problemas sexuais, além de dificultar possíveis diagnósticos.
Mulheres com endometriose, por exemplo, tendem a ter o diagnóstico tardio justamente por sempre sentirem cólicas fortes durante o período menstrual e considerarem normal.
Com isso, tomam um analgésico e ‘seguem a vida” sem se darem conta de que nem no período menstrual devemos sentir dor e que não é normal.
Mulheres são pessoas, humanas, e como tal não foram feitas para sentir dor, e isso também se aplica ao sexo.
Quando falamos de dor no sexo não ser normal, me refiro a dores que não tem relação com práticas BDSM.
Aqui estou falando de dores que, de fato, causam desconforto e não o prazer.
Mas antes, vamos entender o que é a dor e porque ela é necessária.
A dor é uma sensação desconfortável que serve para nos alertar de que algo não está certo com nosso corpo ou com alguma região dele.
A função dela é chamar nossa atenção e mostrar que algo deve ser investigado e tratado.
Ela é considerada nosso quinto sinal vital, e é uma categoria sensorial que gera sofrimento ao ser humano e uma grande preocupação desde o início da civilização.
Sabendo agora que sentir dor não é normal em nenhum contexto de vida, o questionamento que fica é: Por que aceitamos sentir dor no sexo?
Talvez porque coletivamente exista uma ideia machista de que, se não conseguirmos garantir uma frequência e qualidade sexual em nosso relacionamento, nossos parceiros nos trocarão por outra pessoa?
Ou porque a crença de que, se as mulheres conseguem suportar a dor do parto, elas conseguem suportar qualquer dor?
Vamos trazer a atenção aqui e reforçar que o objetivo da dor é nos sinalizar sobre algo.
E que se no contexto do parto a dor é “aceitável” é porque sabemos que é temporária, e que caso ela se prolongue, um problema estará instalado ali.
Agora falando de dor no sexo, que é a minha praia, é muito comum mulheres de várias idades me procurarem para atendimento acreditando que sempre sentiram dor no sexo e que era normal, mas que agora não conseguem mais.
Também atendo mulheres que me procuram porque se queixam de sua libido que anda baixa, e ao investigar bem todo o contexto de vida, sexual e de relacionamento, vemos que essa mulher sentiu dor na hora do sexo desde sua primeira experiência e achava normal, ou passou a sentir em determinado momento e não deu a devida importância.
Se na hora do sexo, o momento que deve ser propício ao prazer e relaxamento, se torna sofrido e acumula memórias negativas de dor, em algum momento o desejo sexual será afetado.
Como um mecanismo de defesa, o cérebro entende: “Opa, tem algo errado! Você sempre sente dor e isso é desconfortável, então nada de ter libido para você sofrer”. E aqui se instala o ciclo de dor que vem acompanhado de dificuldades para chegar ao orgasmo, baixo desejo sexual, baixa autoestima, ansiedade por temor de desempenho e problemas conjugais.
O mais chocante de tudo isso é saber que alguns médicos que não tem o atendimento humanizado e com a visão da importância da sexualidade para as pessoas, indicam uso de lubrificantes e até mesmo anestésicos para que as mulheres possam ter relações sexuais mesmo relatando dor.
O que é prejudicial do ponto de vista da saúde sexual, pois a mulher pode até não sentir dor, mas ao não sentir o prazer, que é o que se espera de uma relação sexual, ela não sai do ciclo de ansiedade e, novamente, a libido é afetada.
Se forçar a ter uma relação sexual desconfortável e que cause dor é um dos piores erros que as mulheres cometem.
Sexo em nenhum contexto deve ser forçado ou feito sem vontade, e tampouco feito com dor.
A dor na relação sexual precisa ser investigada e trabalhada, pois ela pode nos trazer a mensagem de que há um diagnóstico a ser feito.
Pode ser um caso de vaginismo, vulvodinea, dispaurenia e até endometriose.
É muito importante entender que dor não é normal em nenhum contexto, e no sexo não é diferente.
Ao notar que sente dor em todas ou quase todas as relações sexuais e que isso ocorre com uma frequência de aproximadamente 6 meses, é o momento de procurar ajuda.
Também é importante entender que nem todo médico ginecologista trabalha as demandas de sexualidade.
Nesse caso, é importante que haja um acompanhamento multidisciplinar entre ginecologista, terapeuta sexual, fisioterapeuta pélvico e psicólogo.
Como a sexualidade é composta por fatores biopsicossociais, o diagnóstico e tratamento também devem ser feitos de modo a tratar o todo, com objetivo de devolver a qualidade sexual, qualidade de vida, de relacionamento e autoestima.
Agora, sabendo que a dor não é normal, te convido a conhecer minha loja aqui na Apimentou e aproveitar tudo o que os produtos sensuais e eróticos podem oferecer e te ajudar a sentir mais prazer.
Lubrificantes não tiram dor, mas são excelentes aliados para uma transa mais confortável e, consequentemente, mais prazerosa.
Excitantes e vibradores também são excelentes para melhorar a excitação e proporcionar ainda mais prazer.
Não sofra sozinha.